Grupo Teatral Arte Viva

O Grupo Teatral Arte Viva surgiu na cidade de Santa Cruz, no Bairro do Paraíso (o mais populoso e popular da cidade) no início dos anos de 1990. Inicialmente, atuando como um grupo de jovens chamado Geração Unida, trabalhavam com um teatro dublado, ligado às influências de circo trazidas por Ricardo, um dos membros originais do grupo (veja a entrevista abaixo com Ricardo do Arte Viva).

Sua primeira apresentação ocorreu com o objetivo da arrecadação de dinheiro para ajudar um amigo que ia estudar no seminário católico na capital.


(Origem do Arte Viva)

Nessa época não havia teatro em Santa Cruz e o contato dos jovens do Geração Unida (depois chamado de Caravana Nova Vida) com a tradição do teatro de rua se deu por influência de um projeto do governo do Estado intitulado de (Fol)cólera. Na época, o Brasil passava por uma epidemia de Cólera, e o governo do Estado do RN criou um programa para criar e capacitar grupos de teatro de rua para que atuassem junto à comunidade, realizando pequenas intervenções teatrais com fins educativos.

Foi nesse projeto que os jovens do bairro Paraíso conheceram o trabalho do grupo de teatro Alegria Alegria, um dos mais importantes grupos de teatro de rua do país, que tinha sua sede em Natal.

(Contato com o Teatro)

O grupo de teatro Alegria Alegria forneceu aos jovens do Paraíso as ferramentas básicas do teatro de rua e a chave para que Ricardo e seus companheiros pudessem incorporar elementos da cultura popular, como o Mamulengo do Chico Daniel ou o Boi de Reis de Manoel Marinheiro e do Mestre Antônio da Ladeira.

O Mamulengo, em sua origem, surgia nas cidades do interior do Estado sem o aparato de som tecnológico, o que obrigava os artistas a usar aparatos cenográficos típicos do teatro de rua.

Junto a esses elementos cenográficos, extraídos do contato com o Mamulengo, o grupo incorporou cortejos, ilustrados pela coreografia e pelos elementos narrativos do Boi de Reis.


(Cultura popular e teatro de rua)

Outro característica significativa do grupo Arte Viva é a função pedagógica de sua atuação. Quer trabalhando na formação de arte-educadores ou no mapeamento das manifestações culturais do bairro Paraíso, o grupo Arte Viva une a atuação cultural e artística com uma atuação social e política.


(Arte e Política)

Com um repertório de peças variadas, como Billy Kid do Sertão de Nós (peça de Messias Domingos), montada na época das comemorações dos dez anos do grupo ou A Loja de Chapéus (Karl Valentin), o Arte Viva transita pela montagem de textos de autoria de seus próprios componentes, até clássicos da dramaturgia mundial.

Outra influência marcante no trabalho do grupo é o circo.


(Influência do Circo)

Os membros da Companhia Teatral Arte Viva, em sua maioria, não tiveram uma formação acadêmica no mundo do teatro. Sua experiência é empírica e profundamente influenciada pelo circo e pela presença do palhaço popular do Brasil. Com seu humor escrachado, marcado pelo improviso e pelo contato íntimo com o povo, o palhaço popular do Brasil é um artista da rua que nasce nas cidades do interior do Brasil e constrói sua arte na tradição dos artistas populares.

Diferente do clown europeu e do palhaço norte-americano, que usa apetrechos para fazer rir, o palhaço popular brasileiro aprendeu a fazer rir a partir do contato direto com a sensibilidade popular.

(A Origem do amor pelo circo)

A atuação do grupo Arte Viva é prova do vigor da cultura plural e do modo como as novas gerações de artistas potiguares podem se apropriar de várias tradições culturais e construir novas formas de expressão teatral, sintonizadas com seu tempo, sem perder o contato com a sabedoria dos antigos e com a tradição da cultura do povo norte-riograndense.


(Palhaço Popular do Brasil).