João Gregório

Há 40 anos iniciou-se nas artes plásticas com a construção de imagens. Tem uma preferência pelo uso da Imburana, árvore típica do ambiente sertanejo, característica da caatinga.

Trabalha tanto com santos pequenos quanto com imagens maiores de até 1,50 metros. Nascido e criado em um ambiente agrícola, seu João Gregório começou o ofício com esculturas tardiamente: em 1970, com 27 anos, quando trabalhava na construção civil, depois de um sonho.

Muitas de suas imagens surgem a partir de sonhos nos quais o artista se vê construindo a figura. Profundamente intuitivo, João Gregório não faz um esboço prévio em forma de desenho para definir os parâmetros de suas imagens. Ele extrai da madeira a figura, tomando muitas vezes como base apenas uma foto do santo (quando não conhece seus detalhes) ou apenas a memória (quando já tem na cabeça a figura de um santo conhecido como São Francisco de Assis ou Santa Rita).


(O Sonho)

Seguindo a mesma tradição de Chico Santeiro, mesmo sem ter aprendido com ele (apesar de conhecer sua obra), João Gregório não trabalha apenas com imagens sacras de santos e personagens da religião católica, ele também é um interprete do cotidiano sertanejo, produzindo peças que retratam o dia a dia do homem do campo no nordeste do Brasil, bem como os personagens típicos do sertão, como o vaqueiro ou o cangaceiro.

Desde 1983, João Gregório sobrevive apenas das peças que faz.

No início sua arte, tinha ligações com uma espécie de crônica dos tipos humanos do sertão e do trabalho do homem do campo. Só depois, por sugestão de Dona Míriam de Sousa, esposa do ex-senador Carlos Alberto de Sousa,  João Gregório saiu do universo da arte profana e passou a trabalhar também com a tradição de arte sacra e da feitura de imagens religiosas.


(O Trabalho com Santos)

Suas obras fazem parte de coleções particulares, como a do Jornalista Woden Madruga ou do poeta Diógenes da Cunha Lima. Também expostas em galerias de arte de Natal, suas peças já se espalharam por diversos países do mundo pela mão de turistas que vêm a Natal e que se encantam com sua arte.

Apesar de sentir o reconhecimento por parte do público estrangeiro, João Gregório não sente a mesma coisa em sua cidade natal, Santa Cruz. A população da cidade não tem muita consciência do trabalho dele e de sua relevância. Só agora, a partir da inauguração da estátua de Santa Rita na cidade é que o santeiro passou a receber encomendas de seus conterrâneos.


(Reconhecimento do Trabalho)

João Gregório tem um sonho: o de construir um museu para que suas peças possam ficar expostas para o povo de sua cidade e uma escola de artesanato para repassar sua arte às gerações mais novas. Se ele pudesse, seguindo suas próprias palavras, não se desfaria de nenhuma peça das mais de cinco mil que já esculpiu. Viveria junto das imagens às quais deu vida, como um artífice divino ao lado dos santos que consagrou.