Poeta Antônio Borges

Entrevistamos o poeta Antônio de Pádua Borges com a ajuda do poeta Marcos Cavalcanti que nos apresentou o texto que segue sobre a obra de Borginho, como é carinhosamente conhecido em Santa Cruz:

BORGINHO – O DECANO DA POESIA SANTACRUZENSE

O poeta Antônio de Pádua Borges é figura das mais conhecidas e marcantes da cidade de Santa Cruz-RN, de modo que para nós, santacruzenses, dispensar-se-ia qualquer apresentação. Mas cumpramos a nobre e difícil tarefa de apresentá-lo ao mundo inteiro nesta supervitrine chamada internet; e se o fazemos é com satisfação porque de fato Borginho faz jus a esta honraria, em boa hora idealizada e levada a cabo pelos que fazem o Instituto Federal do Rio Grande do Norte, unidade de Santa Cruz, através deste importante portal dedicado à memória da cultura potiguar.

Borginho, como é carinhosamente chamado por seus amigos na intimidade, nasceu na cidade de Brejinho-RN, lá pelos idos de 1924, mas foi aqui em Santa Cruz, às margens do nosso sofrido rio Trairi, que construiu sua vida e obra literária. Não levou vida fácil. O poeta entregou cartas em lombo de animais a serviço de um primitivo sistema de correio; combateu endemias e pragas como agente de saúde em muitas cidades espalhadas pelo sertão do Nordeste brasileiro; tocou na banda de música municipal; ocupou a tribuna do legislativo na condição de vereador; fez-se criador de gado e de ovelhas, mas o que importa mesmo destacar aqui é a criação de uma outra ordem, qual seja, a sua criação poética, o seu amor incondicional à musa poesia.

(Poesia de Antônio Borges – A Felicidade)

O nosso decano não pode dispor de uma instrução formal sistematizada e disso ainda muito se queixa, mas compensou a falta pelo autodidatismo que a si mesmo se impôs pela leitura de toda modalidade textual que lhe caía nas mãos, sobretudo pelaleitura dos grandes clássicos da poesia brasileira. No prefácio de seu livro “Sonetos e Poemas Diversos”, publicado em 2001, escrevi que Borginho, mas que “pastor de cabras”era um “pastor de palavras”, e neste mister se fez reconhecer como um dos mais importantes poetas de nossa terra.

Membro da Associação Santacruzense de Poetas e Escritores, da qual foi presidente, sua popularidade se faz notar nas homenagens que tem recebido, seja em desfiles do 7 de Setembro; em matéria nacional divulgada pelo Jornal Hoje, da TV Globo; nos vários certificados de concursos literários que conquistou; seja como personagem em documentários cinematográficos ou pelos diversos programas de rádio de que participou promovendo a sua e a poesia de outros poetas.

(O Papel do Escritor)

Borginho está presente em todas as antologias poéticas de nossa cidade; é autor dos cordéis “A Tragédia das Águas em Santa Cruz” e “A Rotina do Cangaço e As Garras de Lampião”; tem ainda por publicar um grande número de poemas inéditos, além de outros textos que versam sobre a história de Santa Cruz. É uma memória viva de nossa cidade, e como tal, bem merece que preservemos também a sua própria memória. Marcos Cavalcanti (Santa Cruz-RN, em 24 de setembro de 2010).

(Os seios da Lua no decote do horizonte)

Antônio Borges é um grande apaixonado pelos aspectos naturais e sociais do sertão nordestino. Tem um longo trabalho em cordel abordando a figura do jegue e suapresença simbólica no imaginário sertanejo. Outra de suas obsessões poéticas é a figura de lampião e os temas do cangaço. Leitor de vários textos sobre o tema, borginho aprendeu a transformar as informações que captava em livros de história em versos, como os que recitou para a equipe do IFRN em nossa entrevista.


(Lampião tá fazendo falta)